Em entrevista ao FGV Notícias, o professor revelou a importância da Matemática Aplicada na capacidade de armazenamento de grande número de dados e na resolução de problemas que antes só eram possíveis com papel e caneta.
A matemática pode explicar tanto a raiz dos problemas quanto a solução para eles. Todo desafio seja ele de natureza financeira, política, de segurança ou saúde pode ser representado por modelos matemáticos. Hoje, 26 de outubro, é comemorado o dia do Matemático. Para homenageá-los, o FGV Notícias conversou com Vicent Guigues, professor da Escola de Matemática Aplicada (FGV EMAp).
A Matemática Aplicada é uma vertente dessa ciência que representa o eixo que colabora com os diversos setores do conhecimento como, por exemplo, bancos, varejo e empresas de internet com algoritmos para inovar.
Em entrevista ao FGV Notícias, o professor revelou a importância da Matemática Aplicada na capacidade de armazenamento de grande número de dados e na resolução de problemas que antes só eram possíveis com papel e caneta. Destacou também os novos algoritmos do Google, a linguagem de programação e a relevância do GPS como instrumento de impacto do setor na era digital.
Para ver a entrevista assista ao vídeo
Como a aceleração digital impactou a Matemática Aplicada?
Para essa pergunta temos que definir primeiro a aceleração digital. Entendo como o desenvolvimento da internet, da computação e no crescimento de computadores, smartphones cada vez mais rápidos, de HDs capazes de armazenar grandes volumes de dados.
Em particular, a chegada dos computadores nos permitiu resolver problemas matemáticos que simplesmente não conseguíamos resolver, somente com papel e caneta.
O desenvolvimento de computadores cada vez mais rápidos possibilitou o desenvolvimento de problemas matemáticos de grande porte, como por exemplo nas áreas de equações diferenciais, otimização e estatística.
Quais são os diferenciais da aceleração digital aplicados à área?
Podemos hoje em dia usar computadores para resolver equações diferenciais que modelam a evolução do tempo. Além disso, é possível usar a tecnologia para resolver problemas de otimização de grande porte que vão modelar aplicações da vida real, como por exemplo em finanças para gestão de ativo passivo e em logística para problemas de roteamento.
A Amazon, por exemplo, tem um grande grupo de pesquisa operacional para modelar seus problemas de roteamento e determinar estratégias de entrega.
Quais os benefícios da aceleração digital para a área de Matemática Aplicada?
Diria que todas as áreas da Matemática Aplicada se beneficiaram com a aceleração digital que nos permitiu resolver problemas matemáticos de grande porte usando, em particular, computação em nuvem e programação GPU.
Hoje em dia podemos pensar em sistemas inteligentes que tratam os dados em tempo real. Um exemplo disso são os aplicativos de celular, como a Uber. Os novos desafios para o/a profissional da área ao aplicativo da Uber é desenvolver algoritmos de apressamento das corridas em tempo real. Assim, devem determinar estratégias de escolha dos carros e algoritmos de roteamento dos veículos. Em particular podem usar estratégias específicas da área para aprender, de forma automatizada, a existência de uma obra numa rua, possibilitando seu uso em um determinado período.
Como era a área antes da aceleração digital?
Antes da aceleração digital estávamos limitados ao tamanho dos problemas que conseguíamos resolver. Podemos ainda pensar nas áreas de equações diferenciais estatísticas e utilização antes da chegada dos computadores. Não podíamos resolver problemas de otimização de grande porte, somente de forma manual, problemas como as variáveis.
Qual foi o principal desafio e benefício da aceleração digital?
O principal desafio, tanto para o usuário quanto para o Matemático Aplicado, é acompanhar a chegada das novas tecnologias, identificar as tecnologias que seriam úteis e aprender a usá-las.
O principal benefício é conseguir resolver problemas mais realistas de porte maior, em particular, usando grande volume de dados e dados em tempo real.
Como a Matemática Aplicada contribui para a aceleração digital?
Desde o início da computação, a matemática teve um papel fundamental, como por exemplo em lógica, em desenvolvimento de gramáticas para compilação, matemática discreta, teoria dos autômatos, criptografia.
Podemos também fornecer vários exemplos específicos em que a Matemática Aplicada contribuiu para aceleração digital, como o desenvolvimento do algoritmo Page Rank que foi desenvolvido pelo Google. Esse algoritmo calcula um peso para cada página web e representa a importância dessa página. É uma interpretação de qual seria a probabilidade de um usuário entrar nesta página. O algoritmo vai calcular assim, um autovetor associado à matriz de transição.
Um segundo bom exemplo de impacto da Matemática Aplicada na era digital é o GPS. Sem dúvida, o GPS mudou as nossas vidas e está presente em muitos aplicativos. Por trás dele tem um método de mínimos quadrados, ou seja, para nos tirar do lugar onde estávamos, o GPS vai utilizar a informação dada por quatro satélites e, com isso, resolvemos um problema de mínimos quadrados para determinar a nossa localização.
O que muda na formação dos novos matemáticos?
Em primeiro lugar estamos dando ênfase maior para a probabilidade estatística. Isso é um fato que a nossa sociedade gera cada vez mais dados e conseguimos coletá-los em tempo real. Para explicá-los precisamos de modelos estatísticos, probabilísticos.
Em segundo lugar, também cresceu a importância de ter bons conhecimentos em programação. Então, hoje em dia, o Matemático Aplicado deve conhecer várias linguagens de programação.
Em terceiro lugar vejo como algo fundamental aprender a aprender e, em particular, é o reflexo de procurar informações online e termos uma quantidade quase infinita de informações na internet.
Em quarto lugar aponto o crescimento do ensino a distância, as aulas online. Então, hoje o Matemático Aplicado pode fazer disciplinas online e aprender sozinho.
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Essa matéria faz parte da série especial Conexões para o futuro: Dia do Profissional de Relações Internacionais iniciada em 22 de julho no Dia do Cientista Social.
Fonte: FGV Educação
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