Cearense obtém maior nota na prova de matemática do Enem 2020
Além do resultado satisfatório na prova nacional, Pedro também foi o primeiro colocado no vestibular da Universidade Estadual do Ceará (Uece) entre os candidatos para o curso de Medicina
O cearense Pedro Vidal, de 18 anos, conquistou a maior nota registrada na prova de matemática do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2020: 975 pontos. Além do resultado satisfatório na prova nacional, Pedro também foi o primeiro colocado no vestibular da Universidade Estadual do Ceará (Uece) entre os candidatos para o curso de Medicina. Ainda, ele conquistou uma bolsa de 100% de isenção para o mesmo curso na Unichristus.
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Aluno do Colégio Christus, onde se graduou no Ensino Médio, ele esteve entre as mais de 2,7 milhões de pessoas que realizaram o Enem mais recente. Pedro faz parte do corpo discente do Colégio Christus desde a série Infantil 3 e já participou de Olimpíadas de conhecimento e de Núcleos de Aprofundamento em diversas disciplinas. O estudante se destaca em um momento educacional marcado pelos efeitos da pandemia de Covid-19.
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Pedro Vidal, que mora em Fortaleza, conta ao O POVO como alcançou a pontuação e relata como era sua rotina de estudos, além da aptidão pela disciplina durante o período escolar e o quais suas expectativas na escolha de um curso no ensino superior.
O POVO: Como você se sentiu ao saber que tinha conquistado a maior nota na prova de matemática do Enem 2020?
Pedro Vidal: Não foi uma surpresa porque eu já tinha visto o gabarito da prova e na hora eu já fui falando para minha mãe: “Mamãe, eu posso ter fechado a prova de matemática do Enem”. Sempre fica aquela dúvida do “será que eu marquei tudo certo?”, mas acabou que deu tudo certo. Fiz uma prova boa, estava com a cabeça tranquila e fiquei extasiado quando vi aquela nota. Eu acompanhei o Inep e vi que a nota máxima da prova tinha sido 975, e quando eu vi que a minha nota foi essa, foi como um misto de alívio, felicidade e comemoração com a minha família. Foi um sentimento de muita emoção e alegria.
OP: Na preparação para o exame, você criou alguma rotina de estudos específica para a prova de matemática?
Pedro: Eu criei uma rotina específica. Na verdade, para todos os meus estudos. Era uma meta que eu tinha de estudar 11 horas por dia, eu cronometrava o tempo e tinha meus horários. Eu anotava os meus horários para saber os horários que eu ia começar meus estudos, parar, descansar e voltar. No começo da pandemia, que foi um processo de adaptação, a primeira coisa que eu fiz foi estabelecer essa meta, essa disciplina diária. Na matemática, meu foco sempre foi os exercícios. Então, eu fazia todos os exercícios que os professores disponibilizavam.
Também cheguei a procurar outros materiais na internet para auxiliar, principalmente nos exercícios em que eu notava um pouco de dificuldade. Realizava também a resolução de exercícios das provas anteriores do Enem e também da Uece. Além disso, também era presente nas aulas extracurriculares da escola. Cheguei a fazer um curso da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde tinha materiais muito bons de matemática.
OP: Como você analisa os principais fatores para o seu bom desempenho na prova?
Pedro:
Acredito que seja a disciplina ao estudar, o fato de criar uma rotina
diária em saber o que você vai fazer no dia. Para a prova de matemática,
era saber o que eu ia estudar e fazer um planejamento do que valia mais
a pena estudar porque no Enem o conteúdo é muito grande, muito extenso.
Tem partes que você sabe mais, outras não. É pesar qual matéria estudar
naquele dia, qual vale mais a pena fazer. Outra coisa que foi sempre
uma prioridade minha, algo que eu sempre fiz durante o meu período
escolar, foi usufruir do melhor que me disponibilizavam. A escola me
disponibilizou muita coisa, cheguei a participar das Olimpíadas Cearense
de Matemática em 2017, onde lá eu vi muitos conteúdos sobre o assunto
que me ajudaram muito também. Outros fatores também são o suporte da
escola, coordenadores, professores e a minha família. Todos que me
acompanharam nessa trajetória.
OP: A conquista da nota máxima acontece durante um período em que a educação também foi afetada pela Pandemia da Covid-19. Como você analisa os impactos da pandemia na sua preparação para o exame?
Pedro: Foi um período difícil de adaptação. Estamos acostumados em toda nossa vida escolar a um sistema de aulas presenciais, de convívio com os professores e com os colegas. E no ano passado, tudo mudou de uma hora para outra e nós tivemos que nos adaptar a esse novo sistema, o do ensino remoto. No início, foram disponibilizadas aulas gravadas dos professores e logo depois já começamos a ser inseridos em uma plataforma, onde foi possível ter aulas ao vivo, interagir com colegas e ter acesso a conteúdos. Foi um ano atípico sim, mas eu consegui me adaptar aos novos formatos. No início, achei que meu resultado na prova poderia ser bastante afetado em virtude da pandemia, mas com a adaptação eu vi que era possível estudar daquela forma e atingir a minha meta.
OP: Como você encarava a matemática entre as outras disciplinas durante o período colegial?
Pedro: É uma matéria que, antes de eu achar difícil, eu achava interessante. Então, eu tinha interesse pela matemática e é uma das disciplinas que eu sempre tive paixão. É uma matéria que eu tinha muita facilidade porque eu tinha interesse natural por ela. Esse interesse me levou a estudar, e esse estudo me levou a ter uma facilidade na disciplina. Desde pequeno, eu sempre procurei entender realmente o que eu estava vendo na escola, não só decorar. Eu queria aprender o porquê das questões. E com isso, eu procurava bastante os professores com essas dúvidas. A minha relação com a matemática é esse misto de interesse e de procurar chegar à essência dela. Quanto mais você entender, mais facilidade você tem e os exercícios se tornam apenas uma aplicação daquilo que você já sabe na essência. Se tornar algo natural.
OP: Com aptidão pelos cálculos, você pretende seguir uma profissão que trabalhe com os números? Quais suas expectativas para a escolha?
Pedro: Gosto muito de matemática, mas a minha vocação sempre foi a medicina. Foi sempre o que eu quis fazer e foi a faculdade à qual eu dediquei todos esses anos de estudos. E todos esses anos foram direcionados a esse desejo meu de fazer medicina. Acredito que a minha aptidão pelos números não será perdida na escolha desse curso, pois eu acredito que a matemática está em todas as áreas do conhecimento. A matemática é usada em nosso dia a dia, em todos os tipos de coisa, todos os aparelhos que utilizamos só foram possíveis de serem construídos por causa dela. Então, pensando no futuro, apesar de já ter conquistado uma bolsa no curso de medicina na Unichristus e ter conquistado o primeiro lugar em medicina na Uece, ainda vou tentar medicina na Universidade Federal do Ceará (UFC), por meio do Sisu.
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Exame
O Enem teve 5.523.036 inscritos para a versão impressa, mas 51,6% faltaram. O número foi ainda maior para os 93.079 inscritos na primeira edição do Enem digital, com 68,5% de não comparecimento. Já no exame para adultos e jovens privados de liberdade, no Enem PPL, dos 41.864 inscritos a participação foi de 74,1%.
Em meio à pandemia, a realização do Enem 2020 no Ceará contou com um pouco mais da metade dos participantes inscritos no exame. De 322.583 inscritos no Ceará, 154.545 (47,9%) faltaram ao primeiro dia de prova, no dia 17 de janeiro. Na taxa de abstenção do dia, o Estado fica abaixo do percentual nacional de ausentes de 51,5% — em 2019, foi de 23,1% — e ocupa a quarta maior abstenção entre os estados nordestinos.
Fonte: O Povo online
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